A primeira metade do mês de junho foi marcada por anomalias positivas de precipitação sobre grande parte da região Sul e também na região Norte. A maior parte do país está com chuvas dentro do normal, exceto pelo Rio Grande do Sul, faixa leste do Nordeste e Amazônia ocidental, onde as anomalias são negativas.
Quanto à temperatura, a entrada de potentes massas de ar polar deixaram as anomalias de temperatura mínima e máxima negativas em grande parte do centro-sul, o que significa temperaturas abaixo da média. Na região sul, os desvios são de até 3°C abaixo da média, enquanto no Nordeste e porção central do país, as anomalias são positivas.
Confira agora como será o clima no Brasil na segunda quinzena do mês de junho.
A semana que inicia nesta segunda-feira, entre 16 e 23 de junho, será muito chuvosa na região Sul do Brasil, com anomalias que podem alcançar os 90 mm na região noroeste do Rio Grande do Sul. É esperada uma sequência de agem de frentes frias e cavados com tempestades intensas e elevados volumes de chuva, que podem causar transtornos.
No litoral da região Nordeste as chuvas acima da média também podem gerar transtornos. Na região norte e oriental da Amazônia, a chuva será ligeiramente acima da média. Já na região Sudeste e parte do centro do país, a semana será mais seca que o normal.
Na última semana do mês, entre 23 e 30 de junho, a chuva permanecerá acima da média sobre grande parte da região Sul. Embora as anomalias previstas não sejam mais tão intensas, elas podem ser significativas nas áreas que já estão sendo atingidas por chuvas intensas, e a população precisa estar atenta.
A parte sul da região Norte e o oeste da região Centro-Oeste também terão precipitação ligeiramente acima da média na última semana do mês, enquanto o Sudeste, Nordeste e parte do Centro-Oeste terão precipitação entre a média e abaixo da média.
Na semana entre 16 e 23 de junho, as temperaturas estarão predominantemente acima da média no Brasil, mas especialmente no centro-sul, onde as anomalias positivas podem chegar a 3°C. O transporte de umidade e calor da região Norte para o Sul é um dos fatores-chave para a previsão de precipitação acima da média na região Sul, discutida anteriormente.
Contudo, entre os dias 23 e 30 de junho uma massa de ar frio volta a atuar no país, especialmente na região Sul e parte do Centro-Oeste, onde as temperaturas podem ficar até 3°C abaixo da média. Enquanto isso, no Sudeste, Brasil central e Nordeste, temperaturas acima da média, entre 1° e 3°C.
As águas do Oceano Pacífico equatorial indicam neutralidade do fenômeno ENOS (Niño 3.4 = 0.0 °C), sem influência direta de El Niño ou La Niña. Já a Oscilação Antártica (AAO) tem previsão de fase positiva nos próximos dias, o que tende a dificultar a incursão de frentes frias para latitudes mais baixas.
Porém, há fatores atmosféricos e oceânicos que favorecem a ocorrência de sistemas frontais no Sul do Brasil no curto prazo. A Oscilação Madden-Julian (MJO) encontra-se ativa e propagando-se pelo Pacífico, com a fase convectiva avançando para leste.
Embora com previsão de rápido enfraquecimento e pouca influência na América do Sul, ela pode gerar perturbações que se propagam em latitudes médias na forma de ondas de Rossby, induzindo ondulações no jato polar e favorecendo a formação de cavados mais profundos sobre o Cone Sul.
Outro fator importante é a previsão de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) acima da média no Atlântico Sul, que aumenta a probabilidade de ciclogênese costeira.
Portanto, mesmo com um padrão de AAO que tipicamente limitaria frentes, a combinação de MJO ativo, ondas de Rossby e TSM aquecida cria condições favoráveis para a formação e propagação de frentes frias sobre o Sul do Brasil, principalmente no decorrer da primeira semana deste período.